Proteção de dados e IA: como usar inteligência artificial com segurança e conformidade à LGPD

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Crescer com IA sem correr riscos ou cair em manchetes negativas por conta de proteção de dados é o grande desafio das empresas hoje. Quando pensamos em uso de inteligência artificial e prompts de IA, precisamos também olhar para segurança de dados e da informação. 


A inteligência artificial já faz parte da rotina das empresas, mas ainda existem muitos medos e dúvidas sobre segurança e conformidade com a LGPD.

A falta de informação sobre segurança e proteção de dados não pode ser um obstáculo para a transformação digital. É possível usar IA e agentes inteligentes de forma ética, em conformidade com a LGPD e com segurança digital.

Segundo a Gartner, 48% das organizações com alta maturidade em IA apontam a segurança da informação como o principal desafio. Mesmo assim, é possível acelerar o uso da inteligência artificial sem violar a privacidade.



Neste artigo, você vai entender como unir LGPD e IA para transformar risco em diferencial competitivo.

Por que segurança e proteção de dados são prioridade no uso de IA

Empresas que avançam em IA se deparam com o mesmo desafio: como crescer sem expor dados sensíveis. Em 2024, 77% das organizações bloquearam o uso de ferramentas de IA generativa por medo de vazamentos.

Segundo Rafael Bortolini, diretor de IA e automação na Stoque, essa medida é apenas um reflexo da falta de governança:

Bloquear o uso de IA não resolve o problema. O caminho é estruturar políticas, classificar informações e orientar as equipes sobre o que pode ou não ser compartilhado.”

A base da segurança está na governança de dados, que define papéis, responsabilidades e controles técnicos dentro da empresa.

DesafioSolução prática
Uso indevido de dados em ferramentas abertasCriar políticas internas e registrar atividades
Falta de transparência sobre armazenamentoElaborar o Relatório de Impacto à Proteção de Dados (RIPD)
Risco de vazamentos e reidentificaçãoAplicar anonimização e pseudonimização antes do envio de dados

Os principais riscos de proteção de dados e IA

Com o avanço da IA generativa, cresce um novo fenômeno: o Shadow AI. O termo define o uso de ferramentas de IA por colaboradores sem autorização da área de TI.

Segundo pesquisa da IBM, 38% dos funcionários admitem usar IA sem permissão da empresa. Essa prática expõe dados confidenciais, pessoais e estratégicos sem controle.

Eugênio Corassa, advogado de proteção de dados e direito digital, reforça a importância de diferenciar as informações tratadas no dia a dia:

“As empresas precisam classificar o que é público, interno, confidencial ou secreto. Sem essa cultura, o colaborador não sabe o que pode compartilhar e expõe a organização a riscos sérios.”

Tipo de dadoExemplosRisco principal
PessoalNome, CPF, e-mail, IPReidentificação e vazamentos
SensívelSaúde, religião, biometriaViolação de direitos e sanções legais
CorporativoContratos, planilhas, relatórios internosPerda de propriedade intelectual

Erros comuns em proteção de dados e IA

Mesmo com boas intenções, muitas empresas ainda cometem erros básicos que comprometem a segurança dos dados.

  • Enviar informações confidenciais para ferramentas públicas de IA.
  • Falta de integração entre TI, Jurídico e Processos.
  • Usar provedores sem cláusulas claras de privacidade.
  • Não definir papéis e responsabilidades (como DPO).

Essas falhas abrem brechas para incidentes e podem gerar multas de até 2% do faturamento, segundo a ANPD.

Checklist de como aplicar a LGPD em projetos de IA

Proteger dados em IA é uma ação que começa na estratégia, não na reação. Implementar a LGPD dentro dos fluxos de IA garante transparência, rastreabilidade e segurança.

As principais ações são:

  1. Classificar os dados da empresa (públicos, internos, confidenciais e secretos).
  2. Criar o Relatório de Impacto à Proteção de Dados – RIPD antes da implantação de IA.
  3. Definir políticas de retenção e descarte de dados usados em modelos.
  4. Escolher provedores com opção de opt-out de treinamento de modelos.
  5. Treinar equipes sobre privacidade, compliance e uso ético de IA.

Essas práticas reduzem riscos e demonstram responsabilidade jurídica e técnica.

Anonimização e pseudonimização: técnicas essenciais para segurança

Segundo a o estudo técnico da ANPD, a anonimização de dados é um processo técnico que reduz ou elimina a possibilidade de identificar uma pessoa a partir de um conjunto de dados (p. 4–6). Esse processo deve ser contínuo e baseado em risco, considerando o equilíbrio entre utilidade do dado e grau de anonimização (p. 5–7).

A pseudonimização, por outro lado, substitui informações pessoais por chaves, códigos ou identificadores artificiais, mantendo a possibilidade de reversão quando necessário (Apêndice I, p. 20–23).

Diferença entre anonimização e pseudonimização

Enquanto a anonimização visa retirar completamente o vínculo com o titular, a pseudonimização permite rastrear os dados em contextos de auditoria, controle interno e compliance.

As duas técnicas podem ser aplicadas em conjunto, de acordo com a finalidade do tratamento e o nível de risco aceitável definido pelo controlador (p. 8–10).

CritérioAnonimizaçãoPseudonimização
ObjetivoEliminar qualquer possibilidade razoável de identificação do titular (p. 4–6).Substituir dados pessoais por identificadores artificiais, mantendo a possibilidade de reversão (p. 20–23).
Base legal (LGPD)Art. 12, §3º da LGPD – dados anonimizados deixam de ser considerados pessoais.Art. 13 da LGPD – técnica de segurança e mitigação de risco dentro do tratamento.
Quando aplicarEm projetos de IA, BI ou pesquisa que não precisam identificar indivíduos.Em processos internos que exigem rastreabilidade, como auditorias e investigações.
Benefício principalReduz risco de reidentificação e protege totalmente o titular.Mantém integridade e permite rastrear informações quando necessário.
LimitaçõesPode comprometer a utilidade se aplicada de forma excessiva (p. 7–8).Mantém risco residual de reidentificação se não houver controle das chaves (p. 9–10).
Nível de risco residualMuito baixo, se as técnicas forem bem aplicadas.Médio, pois depende da gestão das chaves e do contexto.
Exemplo de uso corporativoTreinamento de modelos de IA com bases anonimizadas.Gestão de cadastros internos e logs de sistemas.

O dilema entre utilidade e anonimização

A ANPD explica que a anonimização deve ser tratada como um processo contínuo e baseado em risco. Pensando nisso, é importante que cada empresa precisa encontrar o ponto de equilíbrio entre utilidade do dado e nível de anonimização. Quanto mais os dados são protegidos, menor tende a ser sua utilidade prática para análises e projetos de IA (p. 5–7).

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Figura – Dilema Utilidade x Anonimização (ANPD, 2023, p. 6)

A figura mostra que existe um ponto ótimo em que a utilidade e a anonimização atingem equilíbrio. Esse ponto varia conforme o contexto, o tipo de dado tratado e a finalidade do processamento. A abordagem baseada em risco ajuda o controlador a ajustar esse equilíbrio, evitando tanto o excesso de exposição quanto a perda de valor dos dados.

Fonte: ANPD (2023). Estudo Técnico sobre Anonimização de Dados na LGPD. Brasília, p. 6.

Treinamento de modelos e retenção de dados: os riscos invisíveis

Um dos temas mais críticos de proteção de dados e IA está no treinamento e na retenção de informações.

Segundo Rafael Bortolini,

Os modelos de IA são alimentados por informações disponíveis no mundo. O risco começa quando dados privados da empresa entram nesse ecossistema sem controle.”

Quando dados são usados em modelos abertos, partes dessas informações podem ser armazenadas e até reaparecer em respostas futuras.

Além disso, muitos provedores mantêm o histórico de conversas por tempo indeterminado, o que amplia o risco de vazamento.

O ideal é avaliar as políticas de privacidade de cada provedor e desativar o compartilhamento para treinamento (opt-out) sempre que possível.

Como a governança transforma risco em diferencial competitivo

Empresas que tratam proteção de dados e IA como parte da estratégia ganham vantagem competitiva. A governança de IA garante previsibilidade, eficiência e reputação positiva.

BenefícioImpacto prático
PrevisibilidadeProcessos rastreáveis e decisões seguras
EficiênciaDados confiáveis e automações seguras
ConfiançaImagem sólida e transparente diante do mercado

Leia também: O que são agentes de IA e como eles funcionam dentro do Zeev

O PL 2338/2023, em tramitação no Senado, propõe o marco legal da IA no Brasil.
O projeto cria regras de transparência, segurança e responsabilização para uso de inteligência artificial.

Empresas que se antecipam a essas diretrizes ganham agilidade e reduzem riscos futuros.

Como o Zeev ajuda a aplicar proteção de dados e IA na prática

O Zeev é uma plataforma low-code que permite criar fluxos e agentes de IA em conformidade com a LGPD. Você estrutura processos, define regras de uso e mantém controle total sobre dados e acessos em um só lugar.

O sistema garante rastreabilidade, auditoria e versionamento de documentos, o que traz segurança e transparência para todos os times envolvidos.

Com o BPMS da Zeev, o uso da inteligência artificial acontece dentro de fluxos seguros, auditáveis e governados. Para complementar, o workflow Zeev já possui IA nativa, a Zai IA que analisa dados, identifica riscos e sugere melhorias automáticas dentro dos processos, além de criar fluxos.

Na prática, isso significa ter uma IA que entende os fluxos corporativos e atua para torná-los mais eficientes, seguros e transparentes.

O Zeev também é uma plataforma premiada internacionalmente, reconhecida com o Global Excellence in BPM & Workflow Award, uma das maiores premiações mundiais em gestão de processos, pela inovação e impacto em automação corporativa.

Fale com um especialista Zeev e veja como aplicar proteção de dados e IA nos seus fluxos de TI, Jurídico e Processos com segurança, previsibilidade e inteligência.

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