Janela de Johari: o que são os 4 “eus”?
A Janela de Johari emerge como uma poderosa ferramenta para aprimorar o autoconhecimento e a comunicação interpessoal, propondo uma visão baseada em quatro áreas de interação denominadas “Eu”s.
Essa ferramenta é extensivamente utilizada para elevar a compreensão de si mesmo, dos outros e da dinâmica entre o “eu” e os “outros”. Assim, apresentamos este artigo para explorar esse conceito, suas aplicações práticas e como ele pode impactar significativamente nas relações interpessoais. Acompanhe!
Índice:
Contexto histórico da Janela de Johari
A Janela de Johari, concebida pelos psicólogos Joseph Luft e Harrington Ingham em 1955, surgiu da necessidade de visualizar as percepções que as pessoas têm de si mesmas e dos outros. O modelo desenvolvido por eles compreende dois eixos, horizontal e vertical, resultando em quatro quadrantes: aberto, oculto, cego e desconhecido.
Origem do nome “Janela de Johari”
O nome “Johari” é uma combinação das primeiras sílabas dos nomes dos criadores. Desde a sua criação, a Janela de Johari tem ganhado crescente popularidade como uma ferramenta eficaz para promover o autoconhecimento e aprimorar a comunicação em diversos contextos, tanto nas relações interpessoais quanto no ambiente de trabalho.
Os quadrantes da Janela de Johari
Na Janela de Johari, as interações humanas são categorizadas em quatro quadrantes distintos, cada um representando uma área única de revelação e compreensão mútua.
Eu Aberto
O “Eu Aberto”, posicionado no canto superior esquerdo da Janela de Johari, refere-se à parte da nossa personalidade que tanto nós quanto os outros conhecemos. Nessa área, encontram-se informações que nos sentimos confortáveis em compartilhar e que são percebidas pelos outros de maneira clara.
Eu Oculto
Situado no canto superior direito da Janela de Johari encontra-se o quadrante do “Eu Oculto”, abrigando aspectos que são conhecidos apenas pela própria pessoa. Geralmente, esses elementos da personalidade são escolhidos para permanecerem ocultos dos outros, seja por questões de privacidade, autenticidade ou outros motivos pessoais.
Eu Cego
No canto inferior esquerdo da Janela de Johari, encontramos o “Eu Cego”, uma área na qual os outros têm conhecimento sobre nós, mas que permanece desconhecida para nós mesmos. Nesse quadrante, características que são percebidas pelos outros podem ser reveladas, oferecendo uma valiosa oportunidade de autoconhecimento ao identificar discrepâncias entre nossa própria percepção e a percepção alheia.
Eu Desconhecido
No canto inferior direito, completando a Janela de Johari, encontra-se o “Eu Desconhecido”, um território desconhecido tanto para nós quanto para aqueles que nos cercam. Essa área engloba características ainda não descobertas ou que podem surgir no futuro, potencialmente contribuindo para um processo de descoberta e crescimento pessoal.
Lembre-se: a reflexão pessoal e o compartilhamento em sessões de terapia são muito importantes para a aplicação correta da Janela de Johari. Estas práticas são essenciais para que você possa compreender melhor as diversas facetas de sua personalidade e como elas afetam suas relações.
Estudo de caso
Em 2022, o Journal of Positive School Psychology publicou um artigo divulgando as conclusões de um estudo de caso realizado em uma empresa de e-commerce em Hyderabad, na Índia. Ele se concentrou no uso do Modelo de Janela de Johari para melhorar o bem-estar psicológico, expandindo a Arena Aberta por meio da construção de equipe.
No total, a pesquisa envolveu 60 funcionários e utilizou uma metodologia que incorpora o modelo de Janela de Johari e a escala de Bem-estar Psicológico de Ryff. Os resultados indicaram melhorias nas relações interpessoais, na dinâmica de grupo e na saúde organizacional, com destaque para a eficácia do modelo em melhorar o bem-estar psicológico e a dinâmica de equipe.
Aplicação prática da Janela de Johari
A aplicação eficaz da Janela de Johari exige sinceridade e abertura por parte das pessoas envolvidas. Para preencher os quadrantes, é essencial realizar uma autoavaliação honesta, enumerando características conhecidas sobre si mesmo, abrangendo tanto aspectos positivos quanto negativos.
A transparência na comunicação de informações, sem ocultar aspectos desconfortáveis, é fundamental para desbloquear o potencial transformador da ferramenta.
É também crucial selecionar um grupo de pessoas que conheça a pessoa em análise para que possam realizar suas próprias avaliações. Essas observações podem ser conduzidas de forma anônima, garantindo a sinceridade dos avaliadores e enriquecendo ainda mais o processo de autoconhecimento.
Exemplo
Observe algumas virtudes e áreas de melhoria comuns para cada quadrante, tornando assim mais fácil a autoavaliação ou avaliação de outras pessoas:
Virtudes
- Eu Aberto: empatia, criatividade, liderança;
- Eu Oculto: medo do fracasso, desejo de aprovação, aspirações artísticas;
- Eu Cego: tendência a interromper, expressões faciais inconscientes;
- Eu Desconhecido: potencial em esportes, habilidades de resolução de problemas ainda não explorados.
Pontos de melhoria
- Eu Aberto: otimizar a gestão do tempo, desenvolver habilidades de comunicação;
- Eu Oculto: amenizar a aversão ao confronto, trabalhar o perfeccionismo;
- Eu Cego: melhorar a escuta ativa, ser mais consciente das expressões faciais;
- Eu Desconhecido: explorar habilidades empreendedoras, aprender um novo idioma.
Como aplicar a Janela de Johari?
A aplicação da Janela de Johari pode ser feita em uma dinâmica de grupo e envolve algumas etapas. Os participantes irão descrever atributos relacionados a atitudes, habilidades, comportamentos, emoções de aspectos próprios e dos outros participantes.
Em seguida, cada pessoa desenha sua própria Janela de Johari, dividida nos quatro quadrantes que representam os diferentes tipos de “eus”.
Com as listas de características pessoais e as fornecidas pelos colegas, cada pessoa compara as respostas e preenche a tabela:
- Quadrante 1: Informações em comum, usadas tanto pela pessoa quanto pelos outros para descrevê-la.
- Quadrante 2: Características listadas apenas pelos outros.
- Quadrante 3: Adjetivos usados apenas pela própria pessoa.
- Quadrante 4: Pode ser preenchido em conjunto com descrições ou perguntas pertinentes ao exercício, com adjetivos restantes da lista inicial, ou deixado em branco para representar habilidades que podem surgir.
Após preencher os quadrantes, uma breve discussão é realizada. Todos debatem as características do “eu aberto”, cada um comenta sobre um adjetivo do “eu oculto”, e o grupo explica os adjetivos indicados no “eu cego”.
O objetivo do teste da Janela de Johari é maximizar as informações no quadrante 1, o “eu aberto”, transferindo informações dos outros três quadrantes. Isso pode ser feito através de:
- Observação do indivíduo pelo grupo e compartilhamento desses pontos cegos por meio do feedback.
- Revelação de informações desconhecidas pelos colegas, que podem melhorar a comunicação e o relacionamento.
- Autodescoberta, com um olhar interno para características próprias que não percebemos.
- Descoberta conjunta, identificando pontos desconhecidos por todos.
É essencial aplicar o teste da Janela de Johari com sensibilidade,
Oportunidades do “eu desconhecido”
O “Eu Desconhecido” representa uma área promissora, abrangendo características e habilidades ainda não conhecidas pela própria pessoa. Explorar esse quadrante implica em:
- sair da zona de conforto
- buscar novas experiências
- desafiar-se
- descobrir potenciais habilidades.
No contexto empresarial, é fundamental que tanto as lideranças quanto o setor de recursos humanos incentivem a exploração desse quadrante, criando um ambiente propício para o desenvolvimento pessoal entre os membros da equipe.
Por exemplo, um profissional pode descobrir uma aptidão para liderança ou para trabalhar com números ao se envolver em um projeto desafiador.
A jornada do autoconhecimento
A Janela de Johari proporciona uma compreensão mais profunda da própria imagem, oferecendo uma visão clara de como nos percebemos e de como somos percebidos pelos outros, contribuindo para o desenvolvimento pessoal.
Além disso, o autoconhecimento está se tornando uma habilidade cada vez mais valorizada pelas empresas. Profissionais que possuem uma compreensão sólida de si mesmos demonstram maior capacidade de adaptação, habilidade de relacionamento interpessoal e propensão ao crescimento, tanto pessoal quanto profissional.
Mais do que apenas promover o autoconhecimento individual, a aplicação desse conceito pode aprimorar a comunicação das equipes e fortalecer as relações interpessoais, criando um ambiente adequado para o trabalho colaborativo e eficiente.
Janela de Johari e Feedback: como se relacionam?
A Janela de Johari se relaciona diretamente com a prática do feedback ao oferecer uma estrutura clara para entender as percepções pessoais e interpessoais.
O quadrante “Eu Cego” destaca áreas que são visíveis para os outros, mas desconhecidas para nós mesmos, ressaltando a importância do feedback para revelar essas percepções ocultas e promover o autoconhecimento.
Da mesma forma, o quadrante “Eu Aberto” mostra informações compartilhadas e reconhecidas mutuamente, que podem ser reforçadas ou ajustadas com feedback.
Assim, a Janela de Johari facilita um diálogo aberto e construtivo, essencial para o crescimento pessoal e a melhoria contínua nas relações profissionais e pessoais.
Sugestões para se aprofundar no assunto
Para aqueles interessados em aprofundar seus conhecimentos sobre a Janela de Johari, alguns livros sugeridos, que estão disponíveis para compra na Amazon, são:
- Livro: Janela de Johari: exercícios vivenciais de dinâmica de grupo, relações humanas e de sensibilidade, de Silvino José Fritzen;
- Livro: Minha janela de johari, de Clarissa Padovani Mussoi;
- Livro: Of Human Interaction: the Johari Model, de Joseph Luft.
Além disso, há diversos vídeos educativos disponíveis no YouTube que explicam a Janela de Johari e suas aplicações de maneira didática e prática.
Através dos quatro “Eu”s da Janela de Johari, podemos compreender como nos percebemos e como somos percebidos pelos outros, favorecendo nosso autoconhecimento e proporcionando a compreensão necessária para evoluirmos como indivíduos, tanto na construção de relacionamentos saudáveis quanto na criação de ambientes de trabalho mais produtivos.
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